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Vigilância de epizootias em primatas aplicada a Febre Amarela

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Vigilância de Epizootias 

A vigilância de epizootias em primatas aplicada a Febre Amarela é uma área do eixo eco-epidemiológico da vigilância da doença no Brasil. Ela visa captar informações, oportunamente, sobre adoecimento ou morte de primatas não humanos e investigar adequadamente para subsidiar a tomada de decisão em adotar ações de prevenção e controle e reduzir a morbimortalidade na população humana.

Sistema de Vigilância de epizootias em primatas não humanos

O sistema de vigilância de epizootias em primatas foi iniciado em 1999, após período de intensa transmissão na região centro-oeste brasileira onde foi observada a ocorrência de epizootia em primatas de forma precedente e concomitantes aos casos humanos de febre amarela silvestre. A partir de então, o Ministério da Saúde passou a incentivar iniciativas regionais para identificar a circulação do vírus em seu ciclo enzoótico.

O Programa de Vigilância, Prevenção e Controle da Febre Amarela atua de forma articulada com diferentes áreas como vigilância de casos humanos suspeitos, de síndromes febris ictero-hemorrágicas, imunização, vigilância de Eventos Adversos Graves Associados à Vacina (EAGVFA), vigilância vetorial urbano por meio do Programa Nacional de Controle da Dengue, entomologia aplicada aos vetores silvestres, aspectos ambientais (eco-epidemiologia), e ainda, ações de informação, educação e comunicação.

A vigilância de epizootias em primatas e entomologia aplicada a Febre Amarela são áreas do eixo eco-epidemiológico da doença no Brasil.

A vigilância de epizootias em primatas consiste basicamente em captar informações, oportunamente, sobre adoecimento ou morte de primatas não humanos e investigar adequadamente para subsidiar a tomada de decisão em adotar ações de prevenção e controle e reduzir a morbimortalidade na população humana.

A notificação da epizootia deve servir como evento de alerta do risco de Febre Amarela Silvestre que após investigação pode subsidiar planos de ações em áreas afetadas (com transmissão ativa), ou ampliadas (áreas próximas), para efeito da intensificação da vigilância e adoção, oportuna e adequada, das medidas de prevenção e controle.

Para efeito de vigilância, a definição de epizootia é:

“Primata não humano de qualquer espécie, encontrado doente ou morto (incluindo ossadas), em todo o território nacional”.

Considera-se primata não humano doente, um animal que apresenta comportamento anormal, movimenta-se lentamente, não demonstra instinto de fuga, esteja segregado do grupo, com perda de apetite, baixo peso (magro), desnutrição, desidratação, lesões cutâneas, secreções nasais, oculares e diarréia, dentre outros sinais ou sintomas.



Vigilância passiva de epizootias em primatas não humanos

A vigilância de epizootias é voltada para que a unidade local tenha capacidade de captar informações sobre morte ou adoecimento de primatas não humanos, como um evento sentinela do risco para a saúde pública, incluído na lista de eventos de relevância epidemiológica, conforme Portaria MS/SVS nº 05 de 21/02/2006 (atualizada pela Portaria 104, de janeiro de 2011), que trata das doenças e agravos de notificação compulsória no Brasil.

O foco da vigilância consiste em identificar em todas as diferentes regiões e localidades do país, grupos sociais, atividades e instituições que possam observar morte ou adoecimento de primatas não humanos (PNH) e informar às autoridades de saúde de nível local, comunicação oportuna na rede de saúde do SUS para ampla investigação sobre potencial de ocorrência de febre amarela silvestre na região.

A área de abrangência compreende todo o território nacional, inclusive aquelas consideradas sem risco para a febre amarela (Áreas Sem Recomendação de Vacina - ASRV), aspectos de vulnerabilidade e/ou receptividade. Todas as instituições ligadas ao meio ambiente, proteção ambiental, conservação animal, produtores rurais, agricultores, zoológicos, parques, instituições de ensino e pesquisa e a população, que em geral devem ser considerados como fonte importante de informação.

A notificação da morte de PNH, ou mesmo a observação de animais doentes, pode e deve chegar à unidade local da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) o mais brevemente possível. Entende-se como oportuno a notificação em até 24 horas, seguido da investigação em mesmo tempo (24 horas).

Vigilância Entomológica

A vigilância entomológica é um dos eixos de vigilância da Febre Amarela e constitui uma ferramenta alternativa de investigação, tendo como objetivos a atribuição de causa a eventos suspeitos (por vínculo epidemiológico), a detecção precoce da circulação viral e a predição/estratificação do risco de transmissão.

A vigilância entomológica é definida como a contínua observação e avaliação de informações originadas das características biológicas e ecológicas dos vetores, nos níveis das interações com hospedeiros humanos e animais reservatórios, sob a influência de fatores ambientais, que proporcionem o conhecimento para detecção de qualquer mudança no perfil de transmissão das doenças, e tem por finalidade recomendar medidas de prevenção e controle dos riscos biológicos mediante a coleta sistematizada de dados e sua consolidação no Sistema de Informações da Vigilância Ambiental [ou Eco-epidemiológica] em Saúde (Gomes, 2002).

A vigilância entomológica da febre amarela divide-se em dois tipos:
Vigilância passiva: compreende as ações de investigação entomológica, realizadas na ocasião da notificação de casos humanos ou epizootias em primatas não humanos suspeitos de febre amarela, com o objetivo de identificar os vetores potencialmente envolvidos na transmissão. A pesquisa viral a partir dessas amostras é uma estratégia para atribuição de causa aos eventos suspeitos (vínculo epidemiológico).
Vigilância ativa: inclui as ações de monitoramento entomológico, realizadas de forma sistemática e contínua, independentemente da notificação de casos humanos ou epizootias em primatas não humanos suspeitos de febre amarela. Constitui um instrumento para predição/estratificação do risco de emergência da febre amarela, e permite detectar precocemente a circulação viral, subsidiando o planejamento das ações de prevenção e controle antes da ocorrência de casos humanos.

Entre as contribuições que a vigilância entomológica traz ao Sistema de Vigilância da Febre Amarela, estão:
Definição do ciclo de transmissão (silvestre/ urbano);
Conhecimento de espécies potencialmente vetoras (p.e., infectividade natural por vírus FA em Aedes serratus [Cardoso et al., 2010] e Psorophora ferox [Moreno et al., 2011]);
Confirmação de casos humanos e epizootias em primatas não humanos por vínculo epidemiológico;
Definição de áreas afetadas (com evidência de circulação viral) e de Áreas Com Recomendação de Vacina (ACRV);
Avaliação do risco de emergência de febre amarela em função do contexto ambiental e epidemiológico.

No que tange à definição de estratégias de vigilância entomológica, o modelo atualmente vigente (ver documentos específicos) foi estruturado para complementar as vigilâncias epidemiológica e de epizootias, atuando como suporte na investigação de eventos suspeitos. Vale ressaltar que, embora pouco explorada, essa ferramenta revelou diversos achados inusitados nas últimas décadas, de modo que encorajar sua utilização na investigação de eventos suspeitos de febre amarela pode contribuir substancialmente para ampliar o conhecimento sobre a epidemiologia da doença, além de contribuir para a compreensão dos fatores relacionados à manutenção do vírus na natureza, à sua dispersão para outras áreas e à emergência da febre amarela em populações humanas.


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