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Klebsiella carbapenemase (KPC) - surto hospitalar em Bauru

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Bactéria faz HE fechar ala de 43 leitos
Com alta resistência a antibiótico, o micro-organismo batizado de Kpc exigiu o isolamento de pacientes no Hospital Estadual
Nélson Gonçalves 



O Hospital Estadual de Bauru (HE) foi obrigado a isolar uma ala da clínica médica para combater o surgimento da bactéria Kpc no ambiente dos pacientes. Considerada de alta resistência a antibióticos, a descoberta da bactéria resultou na impossibilidade de utilização de área que abriga 43 leitos.


A assessoria de imprensa da Fundação para o Desenvolvimento Médico Hospitalar (Famesp) informou que o aparecimento de bactérias no ambiente hospitalar tem protocolo específico de controle e a presença da Kpc na unidade bauruense integra procedimento de rotina, com a separação dos pacientes que tiveram a identificação da colônia “da bactéria mais resistente”.


As informações são de que o HE tem duas alas com capacidade cada uma de 43 pacientes. Na área isolada, cerca de 10 pacientes teriam sido confinados. A medida, que cumpre o protocolo rigoroso de eliminação da bactéria, visa evitar sua contaminação a terceiros. A situação reduz, neste momento, a capacidade de recebimento de pacientes pelo HE.


O problema teria sido confirmado há duas semanas. Consultado como médico a respeito do caso, o infectologista Fernando Monti considera que o problema, seguindo-se as instruções normativas, possa ser resolvido entre 15 e 30 dias. “A característica dessa bactéria é a alta resistência a antibióticos. Ela é multirresistente e em geral adquirida em ambiente hospitalar. Com isso ela é mais difícil de ser tratável, porque você precisa dispor de antibiótico que atue sobre ela. Isso é descoberto na cultura, o teste com antibiótico”, conta.


O infectologista comenta que o protocolo inclui a desinfecção terminal, “paramentar os funcionários com luvas e vestimentas de proteção e demais precauções ao contato. O isolamento de uma área inteira só acontece quando há mais de um paciente com a bactéria”.


Em greve por melhores condições salariais, funcionários do HE confirmaram a presença da bactéria Kpc na ala de 43 leitos da clínica médica. 




A bactéria


A bactéria Kpc (Klebsiella pneumoniae Carbapenemase) é um micro-organismo que foi modificado geneticamente no ambiente hospitalar e que é resistente aos antibióticos. Os primeiros casos do micro-organismo foram detectados em pacientes internados em UTI, nos Estados Unidos. No Brasil, pelo menos 135 casos já foram confirmados em hospitais do Distrito Federal, até agora.


A bactéria Kpc foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos em 2000, depois de sofrer mutação genética, gerando uma resistência a vários antibióticos (carbapenêmicos). Ela também tem capacidade de tornar resistentes outras bactérias. A Kpc pode ser encontrada na água, em fezes, no solo, em vegetais, cereais e frutas. O contágio ocorre em ambiente hospitalar, pelo contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene. A Kpc pode causar pneumonia, infecções sanguíneas, no trato urinário, em feridas cirúrgicas, enfermidades que podem evoluir para um quadro de infecção generalizada, muitas vezes, mortal. Crianças, idosos, pessoas debilitadas, com doenças crônicas e imunidade baixa ou submetidas a longos períodos de internação hospitalar (dentro ou fora da UTI) correm risco maior de contrair esse tipo de infecção.




Prevenção


Conforme o médico infectologista Fernando Monti, os cuidados com a higiene hospitalar e protocolos de procedimentos são os mesmos para se prevenir da Kpc.


Lavar bem as mãos é a principal forma de prevenção, inclusive entre os dedos, e também o uso do álcool para desinfecção é altamente recomendado. O uso indiscriminado de antibióticos é advertência, porque pode fazer efeito contrário e desenvolver resistência orgânica aos medicamentos.


Outras formas de prevenção contra a propagação das bactérias incluem o uso sistemático de aventais de mangas compridas, luvas e máscaras descartáveis, sempre que houver contato direto com os pacientes, a desinfecção rotineira dos equipamentos hospitalares e a esterilização dos instrumentos médico-cirúrgicos.

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