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Cubanos teriam sofrido com idioma e deixado sequelas em pacientes

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 A 490 quilômetros ao sul de Maurilândia, em Miracema do Tocantins, a realidade do trabalho dos médicos cubanos parece ter sido outra. O diretor clínico do Hospital Regional de Miracema, Jobel Egito, que trabalhou ao lado dos cubanos, fez duras críticas aos cinco profissionais que desembarcaram lá em 1998. Segundo ele, os médicos deixaram sequelas em pacientes, tinham pouco conhecimento técnico e muita dificuldade com o idioma. Egito disse ainda que alguns dos cubanos se casaram com brasileira e ficaram no Brasil, e que a cidade de 30 mil habitantes, com só 34 médicos, precisa de profissionais com qualificação: — Eles deixaram sequelas graves. Principalmente em ortopedia, fizeram besteiras, operações de hérnias malfeitas, entre outras. O conhecimento era pouco, tanto dos clínicos quanto dos cirurgiões. Em medicina, tem que ter conhecimento técnico, não adianta ser bonzinho. Eles eram ruins tecnicamente. Para o ex-secretário de Saúde de Palmas (de 1997 a 2000) e atuai diretor adjunto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Neilton Araujo de Oliveira, a atuação dos médicos cubanos em Tocantins foi positiva, pois ajudou a fortalecer o vínculo com a população local. Ele criticou a forma “maniqueísta e monocausal” com que se discutem os problemas de Saúde do país: — o que vi como secretário municipal é que a presença dos cubanos era um apoio muito grande ao sistema local de Saúde. Famílias que estavam há décadas sem ver médicos, porque no Norte as distâncias são muito grandes, puderam ser tratadas. A presença de um médico cotidianamente empodera muito a gestão municipal. O médico sozinho não resolve o problema, mas é o principal profissional, ele precisa ser integrado ao processo. Setenta por cento dos problemas de saúde de uma comunidade estão na atenção básica. O Brasil ainda tem uma cultura de pensar as coisas de forma monocausal, maniqueísta e individualista. Para problemas complexos, as soluções também são complexas. mas qualquer programa que invista em Saúde é bem-vindo. Na época, pelo menos 59 cubanos foram a Tocantins por um acordo entre a ilha e o atual governador Siqueira Campos ( PSB), então governador do esta- do pelo extinto PFL, hoje DEM. A maioria dos cubanos atuou no país até 2005 — quando o Ministério Público do Trabalho entrou com ação e o Conselho Regional de Medicina (CRM) questionou o convênio firmado com Cuba, que estaria pagando profissionais estrangeiros sem revalidação do diploma no Brasil e sem registro no CRM. Eles recebiam salário de R$ 4.500, além de auxílio-moradia e alimentação, mas tinham que repassar metade do salário ao governo cubano.O Globo - 01/09/2013

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