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Vetores : Os insetos responsáveis pela transmissão natural da malária

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gênero Anopheles

Os insetos responsáveis pela transmissão natural da malária pertencem à ordem Diptera. Todos são da família Culicidae, portanto mosquitos, do gênero Anopheles. 


Ao redor do mundo se reconhecem cerca de 430 espécies agrupadas nesse gênero. Aproximadamente 40 espécies podem ser consideradas competentes vetoras da malária, ou seja, demonstraram poder albergar alguma das quatro espécies de Plasmodium que causam a doença em humanos e completar seu ciclo extrínseco até a fase de esporozoito. 
Nem todas as espécies de Anopheles que têm afinidade com os plasmódios são capazes de transmiti-los ao homem. A chamada competência vetorial é apenas um dos fatores que concorrem positivamente para que haja transmissão, que deve estar associada a outros. A capacidade vetorial é o conjunto de características fisiológicas e comportamentais intraespecíficas que, associadas às condições ambientais, favorecem a transmissão natural da malária. Este conceito é fundamental para a compreensão do papel vetor de determinada espécie de mosquito. 

Habitat dos adultos: 

Os adultos das espécies anofelinas como outros mosquitos, fazem parte de uma comunidade e esta juntamente com o ambiente formam o habitat das espécies. Normalmente, observam-se os anofelinos adultos em situações pontuais: freqüentemente sabe-se quando eles picam e põem os ovos; em algumas situações, se conhecem os locais, onde se abrigam quando os ovos estão se desenvolvendo, mas muito raramente se observou o acasalamento na natureza. Em geral, o habitat do adulto é a paisagem onde se insere o criadouro e sabe-se que a maioria das espécies não se dispersa muito além do sítio larvário. 
Os fatores microclimáticos são muito importantes para a sobrevivência dos adultos, mas também na duração da esporogonia do mosquito infectado. Os fatores bióticos, químicos, físicos e metereológicos no ambiente são determinantes para que uma determinada espécie anofelina tenha importância na transmissão do plasmódio. 

Sítio larvário: 

Conhecer as possibilidades de criadouros das espécies anofelinas em determinada área é importante para servir de base para planejar e supervisionar medidas de controle. Assim, os criadouros podem ser divididos em quatro grupos:

a) permanentes ou semipermanentes em: alagadiços ou zonas alagadiças próximas a lagos; pequenas lagoas; associações com plantas aquáticas; pântanos; 
b) formações líquidas com matéria orgânica em alagadiços de tamanhos variáveis; 
c) água corrente em margens de nascentes; rios ou ribeirões em área aberta associados à vegetação; ribeirões associados a matas ciliares; 
d) criadouros transitórios em áreas abertas ou na mata; em recipientes naturais como ocos-de-árvores ou pedras. 

Principais mosquitos vetores de malária nas Américas:
1. América do Norte 

¿ An. (Nys.) albimanus 
¿ An. (Ano.) freeborni 
¿ An. (Ano.) quadrimaculatus 
¿ An. (Ano.) pseudopunctipennis 

2. América Central 

¿ An. (Nys.) albimanus 
¿ An. (Nys.) albitarsis 
¿ An. (Nys.) aquasalis 
¿ An. (Nys.) argyritarsis 
¿ An. (Ano.) aztecus 
¿ An. (Nys.) darlingi 
¿ An. (Ano.) pseudopunctipennis 
¿ An. (Ano.) punctimacula 
¿ An. (Ano.) vestitipennis 

3. América do Sul 

¿ An. (Nys.) albimanus 
¿ An. (Nys.) albitarsis 
¿ An. (Nys.) aquasalis 
¿ An. (Nys.) argyritarsis 
¿ An. (Ker.) bellator 
¿ An. (Nys.) braziliensis 
¿ An. (Ano.) calderoni 
¿ An. (Ker.) cruzii 
¿ An. (Nys.) darlingi 
¿ An. (Nys.) deaneorum 
¿ An. (Nys.) dunhami (= trinkae) 
¿ An. (Nys.) marajoara 
¿ An. (Ker.) neivai 
¿ An. (Nys.) nuneztovari 
¿ An. (Nys.) oswaldoi 
¿ An. (Ano.) pseudopunctipennis 
¿ An. (Ano.) punctimacula 
¿ An. (Nys.) triannulatus 

As abreviações para os subgêneros em parênteses são: Ano, Anopheles; Ker, Kerteszia; Nys, Nyssorhynchus, e seguem Reinert (2001). Os vetores primários (ou principais) estão destacados dos vetores secundários (incidentais ou locais) pelo nome em negrito. 

É importante lembrar que a sistemática do gênero Anopheles tem sido objeto de constantes revisões nos anos recentes. Com o acelerado desenvolvimento de ferramentas de biologia molecular, várias espécies novas têm surgido principalmente a partir do desmembramento de espécies crípticas (indistinguíveis morfologicamente), o que torna variável o número daquelas que poderiam ser consideradas como boas transmissoras da malária. 

No Brasil, classicamente, podemos considerar cinco espécies importantes do ponto de vista epidemiológico. São elas: Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi, Anopheles (Nys.) albitarsis lato senso, Anopheles (Nys.) aquasalis, Anopheles (Kertezsia) cruzii, Anopheles (Ker.) bellator. 

Todas essas espécies de mosquitos ocorrem naturalmente também no Estado de São Paulo, em diferentes regiões, como veremos a seguir: 


Anopheles darlingi


É reconhecidamente a principal espécie transmissora da malária no Brasil e provavelmente em todo o continente Sul Americano. Devido a sua ampla dispersão e ao hábito antropofílico produz anualmente centenas de milhares de casos de malária, principalmente na região amazônica. 

Distribui-se por alguns países da América Central, desde o sul do México até a Nicarágua e por áreas interioranas da América do Sul, desde a Venezuela até o norte da Argentina, sempre a leste da Cordilheira dos Andes. No Brasil está presente na área equatorial da Amazônia, cerrados da Região Centro-Oeste e Sudeste.
No Estado de São Paulo é encontrado nas proximidades de córregos do Planalto Ocidental Paulista e grandes rios da Depressão Periférica Paulista. 

Esta espécie cria-se muito bem em coleções hídricas estagnadas de maior volume, como lagoas, represas e valas com certo grau de sombreamento e água pouco turva, pobre em sais e matéria orgânica, com vegetação emergente e flutuante. 

Podemos atribuir a sua ampla distribuição territorial, a variabilidade comportamental observada por alguns autores que trabalharam em diferentes regiões do continente. 

Quanto ao hábito alimentar é predominantemente antropofílico e endofágico, ou seja, as fêmeas preferem sugar sangue humano dentro das habitações, o que favorece a transmissão. 

Anopheles darlingi é capaz de transmitir ao homem Plasmodium falciparum, P. vivax e P. malariae. 


Complexo Albitarsis


Com base nos conhecimentos atuais, podemos considerar este complexo como um conjunto de cinco espécies crípticas. São elas, An. albitarsis Lynch-Arribalzaga, An. marajoara Galvão & Damasceno, An. deaneorum Rosa-Freitas, An. albitarsis espécie B não descrito e possivelmente An. albitarsis espécie E (Lehr et al. 2005).
Essas espécies distribuem-se desigualmente por quase toda a América do Sul, a leste da Cordilheira dos Andes, chegando até o Uruguai e Norte da Argentina, assim como pela América Central.
No Estado de São Paulo, quatro espécies deste complexo já foram registradas em diferentes regiões. Anopheles deaneorum, Anopheles albitarsis s.s. e uma provável quarta espécie ocorrem na área correspondente ao Planalto Ocidental. Anopheles marajoara já foi identificado no litoral sul do Estado, na região de Iguape e Ilha Comprida, onde ocorre conjuntamente com An. albitarsis e uma provável quarta espécie. Essas identificações, contudo, foram realizadas baseando-se em características morfológicas das populações e carecem de confirmação por técnicas de biologia molecular. 

É grande a variedade de criadouros que essas espécies podem colonizar, sendo transitórios ou permanentes, com diferentes tipos de situações de solo, geralmente expostos à luz solar e com certa preferência por alagadiços que contenham vegetação emergente. Quanto a este aspecto, reveste-se de importância certos ambientes alterados pela ocupação humana, como plantações de arroz irrigadas artificialmente. 

Na atualidade não existem informações seguras, do ponto de vista epidemiológico, sobre o papel vetor de cada uma das espécies deste complexo. Contudo, An. albitarsis tradicionalmente sempre foi apontado como potencial vetor de malária em determinadas localidades litorâneas do Brasil (Deane 1986; Zimmerman 1992; Rubio-Palis & Zimmerman 1997). Do mesmo modo, An. marajoara desempenha papel semelhante na Colômbia e Venezuela, assim como no litoral do Estado de São Paulo (Forattini, 2002). 

An. deaneorum parece ser dotado de certa endofilia, ou atração pelo domicílio humano. O hábito alimentar desta espécie não está plenamente caracterizado, pois os poucos estudos sobre esse aspecto revelaram variações importantes. Entretanto já se registrou o encontro de espécimes naturalmente infectados, bem como se obteve resultados positivos em ensaios de laboratório, tanto para Plasmodium vivax, quanto para Plasmodium falciparum Klein et al. (1991 a, b). 


Anopheles aquasalis


A distribuição desta espécie limita-se basicamente à região costeira das Américas do Sul e Central, principalmente no lado atlântico. 

Em sentido norteatinge o litoral das Guianas, Venezuela e Colômbia, chegando até a Nicarágua. Está presente também em várias ilhas do Caribe. A cidade de Peruíbe no litoral de São Paulo é o limite meridional de Anopheles aquasalis. 

Esta espécie foi a responsável pelo último grande foco urbano de malária de São Paulo, em maio de 1986 no município do Guarujá, que produziu 24 casos autóctones. 

Suas larvas desenvolvem-se em criadouros terrestres com algum teor de cloreto de sódio, advindo daí seu nome específico. Em estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil já foi encontrado em distâncias que variavam entre 100 e 200 km do litoral, mas em substratos igualmente com certo teor de salinidade. Seus criadouros são transitórios, com pequeno volume de água, como depressões naturais ou artificiais do terreno e expostos ao sol. 
De modo geral é um anofelino pouco endofílico e as fêmeas costumam ser mais zoófilas que antropófilas, procurando o sangue humano quando há escassez de outros animais que lhes sirvam de repasto. Em determinadas épocas e locais esse mosquito pode se apresentar em elevadas densidades, o que favorece seu papel como vetor da malária, como no Norte do Brasil, Venezuela e Guianas. 


Anopheles cruzii e Anopheles bellator


Ambas são espécies do subgênero Kertezsia, grupo exclusivamente Neotropical, distribuindo-se, portanto, por paises das Américas do Sul e Central. 

São mosquitos de pequeno porte se comparados às demais espécies do mesmo gênero e cujas formas imaturas criam-se em recipientes naturais, na água acumulada entre as folhas de bromélias. Assim, a distribuição geográfica dessas duas espécies está ligada a distribuição das bromélias, que corresponde à faixa litorânea Sul Americana originalmente coberto por Mata Atlântica, como aquela encontrada na Serra do Mar no Estado de São Paulo. Nessa região do Estado An. cruzii e An. bellator são os anofelinos responsáveis pela transmissão natural da malária ainda nos dias atuais (Forattini et al. 1993). 

Estudos revelaram que An. bellator tem certa predileção por bromeliáceas de solo ou rupestres, que ocorrem em áreas de restinga e, portanto mais expostas ao sol. Anopheles cruzii mostrou-se mais eclético, podendo ocorrer tanto em matas de planície e restingas como em matas fechadas de encostas montanhosas. São mosquitos que freqüentam o peridomicílio, com maior atividade no crepúsculo vespertino (Forattini et al. 1996). Sua atividade horária pode variar, contudo, de acordo com a região considerada. 

Conforme mencionado anteriormente, outras espécies anofelinas podem ser responsáveis por transmissão local ou eventual da malária, algumas delas já encontradas no Estado de São Paulo quando da realização de coletas de campo com diferentes objetivos. 

Essas coletas de campo podem ser desencadeadas como rotina do programa de controle da malária, quando há suspeita de transmissão local em algum município do Estado. São executadas por equipes regionais de campo tão logo haja notificação de L.P.I. (local provável de infecção) dentro do Estado, e têm caráter meramente qualitativo. 

Pelo fato da situação epidemiológica da malária no Estado de São Paulo ser de absoluto controle, não está implantada uma vigilância entomológica sistemática, como já houve no passado, com postos fixos de coleta de mosquitos. 

Atualmente, a pesquisa científica é a principal fonte de informação sobre a distribuição das espécies de anofelinos do Estado de São Paulo. Esta, por sua vez, é executada com objetivos diversos e de maneira pontual. 
Assim, as informações sobre atividade crepuscular e freqüência das espécies a diferentes ambientes antropogênicos, representados por área de ocupação agropecuária no interior do Estado, revelaram a presença de quinze espécies do subgênero Nyssorhynchus de Anopheles. São elas: 


Anopheles albitarsis lato senso

(inclui An albitarsis s.s. e outra espécie não descrita), An. argyritarsis, An. benarrochi, An. braziliensis, An. darlingi, An. deaneorum, An. evansae, An. galvaoi, An. lutzii, An. oswaldoi, An. parvus, An. rondoni, An.strodei, An. triannulatus. Na região central e nordeste do Estado podem se somar a essas outras espécies raramente encontradas ao longo 20 de anos de coletas, como Anopheles minor, Anopheles peryassui e Anopheles mediopunctatus s.l. 

De maneira semelhante, pesquisas executadas em áreas de intensa alteração ambiental como por ocasião da construção de usinas hidrelétricas, evidenciaram a presença de espécies anofelinas na área de estudo. De modo geral, estudos realizados por Guimarães et al. (2004); Natal et al. (1995), Tadei et al. (1998) e Tubaki et al. (1999, 2004) enfatizaram modificações imediatas ou potenciais na abundância das espécies.



Controle (Profilaxia Coletiva):

É a tentativa de proteger a sociedade da endemia que a assola. Podemos ter as seguintes abordagens: 



Combate ao vetor adulto: é realizado através da borrifação da parede dos domicílios da região endêmica com inseticida de depósito. Tal ação procura agir sobre o mosquito adulto e baseia-se no fato do mosquito pousar na parede após o repasto sangüíneo. 


Este é o tipo de abordagem fundamental para a tentativa do controle da malária, e é onde se baseou a euforia da erradicação, que permeou entre nós até recentemente, quando a Organização Mundial da Saúde, mudou sua abordagem e nomenclatura do programa, que passou de erradicação para controle. 

Combate às larvas: é realizado com larvicidas. Pouco utilizado em regiões endêmicas devido às dimensões continentais de nossos rios onde prolifera o mosquito.
Algumas abordagens diferenciadas têm sido propostas como o controle biológico através de bacilos (Bacillus turigiensis e Bacillus sphericus) que agem matando as larvas, sendo porém de vida curta necessitando ser reposto com freqüência, tornando o custo proibitivo. Uso de peixes larvófagos, como a tilápia, tem se mostrado de baixa praticidade. 

Saneamento básico: Medidas de saneamento básico são fundamentais para evitar a formação de regiões alagadas, principalmente após chuvas. A drenagem essas coleções e dos pequenos rios talvez seja a mais eficaz abordagem para evitar a proliferação de mosquitos. 

Melhoria das condições de habitação: As habitações improvisadas são muito freqüentes em regiões endêmicas de malária no Brasil. Freqüentemente o migrante vive por períodos prolongados acampado, em barracas, em íntimo contato com o anofelino, sem nenhuma medida de proteção contra o mosquito. 

Educação: O conhecimento de como a malária se transmite, os meios de proteção, os hábitos do mosquito, são, entre outras, informações fundamentais para quem venha a ter contato mais prolongado com regiões endêmicas de malária. 

A educação é importante na prevenção de todas as doenças, sendo o acesso às informações necessárias uma obrigação social, além de ser o mais eficaz e barato meio de proteção.

 Editado pelo Blog Alagoas real
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Do original e o blog ALAGOAS REAL
Fonte
http://www.saude.sp.gov.br/

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