O Ninguém tem a resposta


Odilon Rios

Os 62 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 1948) prometem ser uma data estranhamente esquecida, nos corredores do poder público e na sociedade civil organizada. Isso em Alagoas.

Mais que a “liberdade aos bandidos”, a Carta da Assembleia Geral das Nações Unidas- influenciada pelos fornos crematórios da experiência nazista- mostra que existe uma distância entre os direitos fundamentais e a dura realidade; mostra ainda que o desprezo ou desrespeito às liberdades fundamentais do ser humano dependem, em Alagoas, da ostentação da classe econômica, suas ramificações.

O poder de transformar a vítima em algoz.

Ou seja, classes sociais- e não princípios fundamentais- ditando as regras da mais alta aspiração do ser humano: a liberdade de palavra, de crença e a salvo do temor.

Mostrou o nazismo que o silêncio fez do barbarismo um dos piores momentos da humanidade.

Primeiro, a eugenia, explodindo no século XIX. Uma raça pura, em contraste com outras, evocada na musica, na cultura e lastreada pela Biologia, na radicalização da tese de Charles Darwin.

Logo após, a crise econômica de 1929, com altas taxas de desemprego. E a crise dos objetivos, da identidade do ser humano, a negação do eu pelo mundo do trabalho.

Depois, o surgimento do herói, para salvar os perdidos. Com ele, o mito da destruição, da eliminação do outro.

Em pleno século XXI, o Ninguém, de Alagoas, anuncia: diga o que disser- a respeito das garantias fundamentais do ser humano, da promoção do progresso social ou na busca de melhores condições de vida em uma sociedade fatalmente fragilizada- ele dará suas respostas:

- Diga o que disser a respeito do artigo V da Declaração Universal dos Direitos Humanos- que trata a tortura como algo degradante e cruel- praticada por delegados em Alagoas, ele, o Ninguém, dará a resposta;

- Bem como o artigo VI- reconhecendo que a pessoa deve ser tratada como pessoa em todos os lugares, apesar de algemada, humilhada e segregada- o Ninguém tem a resposta;

Ninguém tem respostas aos assassinatos todos os finais de semana;

O Ninguém transforma as responsabilidades do Estado em exercícios individuais de conduta, em brotoejas de ira.

O Ninguém tem todas as respostas: a destruição do outro.


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1 Comentários
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  1. Valdecy,
    Obrigado pela visita, e aproveito para lhe pedir uma ajuda como defensor dos Direitos Humanos.
    Veja a postagem em meu blog sobre um brutal assassinato de um menor de 16 anos José Alexystaine Laurindo, filho do jornalista Odilon Rios do portal alagoas 24 horas .Entre em contato com o mesmo no link:
    http://www.alagoas24horas.com.br/blog/?vCod=52


    A postagem em meu blog :
    http://alagoasreal.blogspot.com/2010/12/in-memoriam-de-jose-alexystaine.html

    Um grande abraço

    Mário Augusto

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