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Globo:" PanAmericano passou ao tucanato R$ 954 mil. Numa operação escrachada, pagou contas de campanha do governador Teotônio Vilela."


Os amigos do mico do PanAmericano

Elio Gaspari, O Globo

Todos os malfeitos dos seis ministros varridos na faxina da doutora Dilma não somam os R$ 4,3 bilhões do buraco do Banco PanAmericano. Em novembro de 2009, o comissariado da Caixa Econômica comprou por R$ 739 milhões metade desse negócio, então pertencente ao empresário Silvio Santos. À época, tudo parecia nos conformes. O Banco Central autorizou a operação, e as contas haviam sido auditadas pela KPMG e pela Deloitte.

Em agosto de 2010, o BC sentiu cheiro de queimado e, dois meses depois, chamou a Polícia Federal. Desde 2007 os diretores do PanAmericano simplesmente vendiam carteiras de crédito sem retirar esses valores de seus balanços. Para começar, um rombo de R$ 2,5 bilhões. A Caixa comprara metade de um mico.

Havia de tudo, dezenas de milhões em bônus dissimulados, casas em Miami e até caixas de dinheiro em porta-malas de carro. Graças à PF, sabe-se que há mais. Em 2009, o ex-comissário Luiz Gushiken tinha tratativas com a casa. Nesse ano, o braço-direito de Silvio Santos dizia que “ficou de boca aberta” ao saber quem eram os "amigos" que ajudariam a enfiar a Caixa no buraco.

Amigos, o banco tinha. Em dezembro de 2006, com Lula já reeleito, seus diretores, valendo-se de empresas próprias, doaram legalmente R$ 500 mil à sua campanha.

Em janeiro de 2010, semanas depois da entrada da Caixa no banco, os diretores recebiam pedidos para nomear amigos do governo. Num e-mail, o presidente Rafael Palladino narrou sugestões para que se aninhasse no PanAmericano o companheiro Demian Fiocca, ex-presidente do BNDES.

A essa altura, a explosão do banco era iminente, mas doaram, “na moita”, por meio de outra empresa, R$ 300 mil para o diretório nacional do PT.

Na mesma época, o PanAmericano passou ao tucanato R$ 954 mil. Numa operação escrachada, pagou contas de campanha do governador Teotônio Vilela.

Em agosto de 2010, o Banco Central achou o rombo; no dia 22 de setembro Silvio Santos esteve com Lula; e em outubro chamou-se a polícia.

O PanAmericano mudou de dono, Silvio Santos saiu do negócio, os ex-diretores estão indiciados em inquérito, o contador está colaborando com as investigações, e os computadores apreendidos pela PF têm mais a contar.



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