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A procissão,o calvário e uma ambulância dita "cidadã" : A saúde e o HGE de Alagoas sem fiscalização



“Será que é possível falar em falta de recursos para a saúde quando existem, no mesmo orçamento, recursos com propaganda de governo?" (O Controle Judicial de Políticas Públicas. Editora Revista dos Tribunais. São Paulo. 2005. p. 74 Américo Bedê Freire Júnior).


O Governo de Alagoas começou este ano eleitoral de 2010 anunciando uma nova leva de distribuição da chamada ambulância cidadã. O "programa" consiste em doar aos municípios ambulâncias para fazer funcionar o sistema de saúde e assistência à população, transferindo os doentes do interior para o Hospital Geral do Estado.

Muitos dos que vem para Maceió terminam morrendo, por falta de assistência, já que no HGE não tem médico e nem a estrutura necessária para suprir a demanda que chega da capital e dos municípios. A situação tem se agravado porque muitos médicos tem pedido demissão, devido à sobrecarga desumana e trabalho e baixos salários. A tendência é que a redução no quadro de médicos continue aumentando.

Para a direção do Sinmed, a prática da "ambulanciaterapia" não passa de uma enganação do governo com a população. "Esse dinheiro que está sendo investido nessas ambulâncias e também o dinheiro da publicidade enganosa poderiam estar sendo empregados na melhoria da remuneração dos médicos e da estrutura das unidades de atendimento á população", afirma o presidente do Sinmed, Wellington Galvão.

A superlotação no HGE é alimentada pela constante chegada de ambulancias com doentes dos quatro cantos do estado. Muitas vezes, os casos são ambulatoriais e não exigem atendimento de emergência. Mesmo assim, os doentes são "depositados" no HGE. O caos permanente no hospital termina contribuindo para a morte de muitos desses doentes.

Fonte:Sinmed de Alagoas em 07 de janeiro de 2009


Comentário:

Não é somente fazer uma conjectura meramente superficial e tratar o transporte de pacientes pelas supostas ambulâncias denominadas de "Cidadã" como método de tratamento médico,pois o mesmo já é praxe antiga e a muito tempo já vem transformando os plantonistas do HGE de Alagoas em mero obituaristas , e sim, o mais importante e mais urgente seria intervir no cerne da questão,na causa que propicia as mazelas eternas na Saúde Alagoana ,e deste modo alertar a população usuária sobre os seus direitos e protegê-las de todo e qualquer risco de morte, através de uma análise e de uma fiscalização de como esses pacientes são transportados na maioria das vezes sem uma avaliação da gravidade de seu quadro clínico no seu local de origem , ou quando não são transportados sem a presença de um médico que naquele exato momento seria imperativo a sua presença e assistência especializada durante o trajeto da remoção conforme resoluções do Conselho Federal de medicina( LINK) e as leis que regem, regulam e normatizam a área de urgências e emergências pré-hospitalares (LINK).

Vocês não sabem como alguns médicos e funcionários do HGE de alagoas sofrem com o descaso da saúde nesse Estado .Quantos pacientes chegam gravíssimos provenientes de vários rincões, do Estado de Alagoas e que no momento do seu " atendimento" no local de origem até proceder uma simples remoção na própria cidade , seria expressamente contra- indicado para o mesmo,mas ,infelizmente são conduzidos, e quando tem sorte eles chegam ainda suspirando ao HGE em sua grande maioria sem se quer uma identificação, e o pior sem uma história clínica pregressa!.

Além de sermos médicos temos que cultuar profundamente e renovar a nossa fé diuturnamente em Deus para podermos sentir a sua presença através de uma possível intuição( para aqueles que professam um credo), e para os demais seguidores do agnosticismo seria totalmente explicado a conclusão e o seu diagnóstico por sua experiência no atendimento ao longo dos anos a pacientes graves.

Sinto pena dos familiares que na sua grande maioria faltam-lhes a cultura necessária para se expressar a respeito do seu ente querido desconhecendo quase que por completo os antecedentes da patologia, os medicamentos utilizados, e os seus direitos de cidadão . Ainda agradecem ao zé mané( ou zé inteligente ?) que o despachou no taxi travestido de ambulância. É triste saber que a cultura do anafalbetismo ,promove o apagão da cidadania e promove a luz da eleição dos futuros, e de alguns políticos atuais da nossa Alagoas! Não estou cansado e nem ficarei enquanto as mazelas, as mentiras , e o pior de tudo ,a omissão se fizer presente principalmente no seio daqueles que deveriam zelar pelos princípios constitucionais.Não me importa se eles não me amam, e guardam ódio por mim ,porque aprendi a me amar primeiro para ser capaz de amar meu semelhante! Se eu não guardo a minha independência, a minha dignidade como médico que sou como poderei um dia olhar perante a minha família,os meus pares ,e perante o meu conselho? Muitos me perguntam porque escrevo sempre sobre a realidade da saúde,e porque muitos lêem e nada fazem? Essa indagação foi feita pelo Danyel Moraes Alves, na postagem :O Crime já existe ou não ? HGE de Alagoas quem responde por você ? .

Respondi então ao mesmo:
Danyel,
Realmente como eles lêem, ouvem, vêem, a situação caótica não me cabe lhe explicar ,porém , com certeza os responsáveis pelo caos da saúde Alagoana e os que por dever de ofício devem fiscalizar e cumprir o ordenamento jurídico constitucional e médico, e não cumprem o seu devido mister ,tenha certeza sim , que em breve vão sentir as penas da lei



Vejamos então o que vem decidindo o Supremo Tribunal Federal:


"Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo. É que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado — e até mesmo por razões fundadas em um imperativo ético-jurídico —, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado." (ADPF 45, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 04/05/04 ).

Com certeza é a esperança que me move, e alimenta a certeza que um dia os danos irão ser reparados, e os pseudos - defensores da saúde que usam mais de falácias do que ação não serão esquecidos por todos nós porque a justiça será feita.

Maceió 09 de janeiro de 2010

Mário Augusto


Obs: Em 13 de janeiro de 2008, o Blog Alagoas Real publicava uma postagem de nome: A Procissão das Ambulâncias ! Talvez visitando o artigo os leitores entendam e concordem que nada mudou na Saúde de Alagoas. Os atores permanescem os mesmos , os salvadores da pátria continuam intocáveis, e a omissão é o carro chefe da novela verídica e sombria de um Estado esfacelado, sem saúde e justiça.

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