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CREMAL : Violência em Maceió já matou dois médicos

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Violência em Maceió já matou dois médicos

Clínicas vivem com grade de proteção que só é aberta após reconhecimento do paciente, mas os furtos e homicídios acontecem a céu aberto, como na Praça Vera Arruda, onde o Dr. Alfredo Tenório foi baleado

Maceió divide a fama de cidade abençoada pelas belezas naturais com um indesejável título: o terceiro lugar mais violento do mundo! Sua taxa de homicídio é 66,8 para cada 100 mil habitantes, segundo levantamento divulgado em abril pelo Ministério da Segurança através do Mapa Nacional da Violência 2012. Tornou-se corriqueira a ocorrência de homicídio, seqüestro relâmpago, estupro e outros crimes cuja motivação (supostamente) é o uso do crack - ou seria melhor dizer, escancaradamente?

Se antes se matava por vingança (terra dos capangas e coronéis), hoje o tráfico é o pano de fundo – haja banalização da morte! Nem os médicos escapam da violência, basta lembrar o assassinato do Dr. Luiz Ferreira e do Dr. Alfredo Tenório – dois, até o último mês de maio.

No ranking mundial da violência Maceió só perde para a cidade de San Pedro Sula, em Honduras (158.87 homicídios por 100 mil habitantes) e Juárez, no México ( 147.77). No Brasil a capital alagoana dispara em terceiro lugar no ranking geral de homicídios, conforme dados do Ministério da Justiça. O curioso é que, observando os dados do MJ, conclui-se que Alagoas é o Estado mais violento para os jovens, com 34,8 mil por 100 mil crianças e adolescentes.

Para se ter uma idéia dos critérios adotados na elaboração do trabalho que subsidiou o MJ (Mapa da Violência 2012, o autor, sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, recorreu ao Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) para traçar as principais causas de morte entre os 1980 e 2010.

Diante de números tão negativos, o governo federal fez cena de quem cumpre o dever de casa: atraiu a imprensa para cobrir em Alagoas o lançamento do Projeto Brasil Mais Seguro. A expectativa é estender a iniciativa para todo o país. O foco é a melhoria na investigação das mortes violentas, aumento do policiamento ostensivo e comunitário, controle de armas, além da contratação (por concurso), de médicos legistas, peritos, mais policias civis e militares.

Teoricamente estão assegurados mais investidos no sistema de Justiça, nas Polícias Federal e Rodoviária Federal, aquisição de equipamentos, capacitação e aperfeiçoamento da polícia técnica, além de instalação de bases fixas e móveis de videomonitoramento, construção de um presídio e da tão prometida sede do IML. Um número maior de policiais já pode ser visto tanto em terra, como no ar (helicóptero da Força Nacional) e mar, cobrindo não somente a periferia, mas também os bairros nobres, onde se tornou perigoso até o Cooper pela orla. No caso do médico José Alfredo Vasco Tenório, o homicídio aconteceu num domingo, no movimentado Corredor Vera Arruda, em frente à Praia de Jatiúca, uma das mais freqüentadas da capital. Na ocasião, ele fazia o habitual passeio ciclístico e recebeu um tiro nas costas porque se recusou a entregar a bicicleta para um adolescente dependente de drogas.

No Brasil a média de homicídio é de 21,5 para cada cem mil, segundo o mapa do MJ. Mas os assaltos também preocupam. Em Alagoas, particularmente, não livram nem as agências dos Correios nem os restaurantes. As clínicas médicas vivem com grades que só são abertas quando o cliente se identifica. Escolas, postos de saúde, enfim, locais públicos e privados vivem ameaçados e invadidos pelas vítimas do tráfico, que por sua vez, vitimizam cidadãos que, até prova em contrário, nada têm a ver com o caos. Gente que trabalha honestamente, paga impostos e apesar disso perde entes queridos porque o governo não consegue controlar a criminalidade.

Ah, por falar em impostos... estamos pagando R$ 25 milhões para que o Plano de Segurança dê certo em Alagoas (recursos liberados pelo DF), mais R$ 65 milhões da contrapartida de Alagoas. Quanto teremos que pagar, enfim, para ter paz?

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