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MUITO ALÉM DO CAOS, HGE DE ALAGOAS É “CASO PERDIDO”

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MUITO ALÉM DO CAOS, 

HGE É “CASO PERDIDO” 

No último domingo (15), a área vermelha do HGE, com capacidade para nove leitos, tinha uma atmosfera irrespirável. As 54 macas apinhadas no local praticamente impediam a movimentação de médicos e auxiliares que tentavam cuidar dos pacientes, todos em estado grave. No sistema que se tentou implantar no pronto socorro de Maceió (áreas identificadas por cores, conforme a complexidade da assistência necessária ao paciente) a área vermelha seria a “porta de entrada”, o local para recepcionar e dar atendimento inicial aos pacientes mais graves, que depois de estabilizados seriam encaminhados para centro cirúrgico, UTI ou internação. Mas como o HGE não tem estrutura para atender à demanda, a área vermelha virou área de internação de pacientes com risco de morte – ou uma UTI improvisada e desprovida dos equipamentos necessários a uma UTI. 

Todo mundo chama de UTI improvisada pela gravidade do quadro de saúde dos pacientes que permanecem no local. Mas a área vermelha do HGE está mais para “campo de guerra”, embora a maioria das pessoas que trabalha no pronto socorro ache que na guerra, com a estrutura dos hospitais de campanha, as condições de trabalho e de atendimento aos feridos são infinitamente melhores. Se o governador corresse o risco de ir parar no HGE precisando de assistência, certamente se preocuparia em arranjar uma solução para o atendimento de emergência em Alagoas. Mas como isso dificilmente ocorrerá, ele segue ignorando as necessidades da população e dos profissionais de saúde. 

Os médicos, apontados pelo governo como os grandes vilões da saúde em Alagoas – fazem greve e reclamam dos baixos salários e das péssimas condições de trabalho – têm mesmo que se desdobrar. Cada anestesista do HGE, por exemplo, trabalha por dois ou três. Plantões que deveriam ter cinco anestesistas têm apenas dois na escala para realizar procedimentos simultâneos em quatro salas do centro cirúrgico, nas pequenas cirurgias do ambulatório e no acompanhamento das tomografias. 

Os riscos inerentes à medicina somados aos riscos ocasionados pela sobrecarga de trabalho expõem esses médicos a situações extremas de estresse. Mas não só os anestesistas. Em contato com o Sinmed, um intensivista do pronto socorro contou na semana passada que permaneceu no hospital desde o último sábado (14) até a quarta-feira (18), por absoluta falta de intensivistas para assumir o plantão. É uma situação absurda, que o governo nada faz para resolver. Aliás, quando se trata do HGE ninguém liga. Não é só o governo que se omite. 

Em 2010, quando o Sinmed divulgou um relatório sobre a situação dos serviços de urgência e emergência em Alagoas, a situação do pronto socorro foi descrita como “caótica”. O Sindicato enviou o documento à imprensa e a órgãos e instituições como MPE/AL, DPE/AL, TJ/AL e Cremal, entre outros. Houve farta divulgação, mas não foi aberta nenhuma ação civil pública contra o governo, não foi feito nada em defesa da população e dos profissionais da saúde. Passados mais de dois anos, a situação só piorou. 

Hoje, o termo “caos” já não se aplica ao HGE; também não se conhece uma palavra que possa descrever o principal pronto socorro público de Alagoas em todas as suas mazelas. Muitos chamam de “matadouro”. Para o Sinmed, depois de tanta luta inútil para que se faça alguma coisa pelo atendimento de emergência em Alagoas, o que se pode dizer é que o HGE é “caso perdido”.


Fonte:SINMED/AL




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VEJA NA ÍNTEGRA O RELATÓRIO ENVIADO PELO SINMED/AL QUE REVELA CAOS NA SAÚDE PÚBLICA DE ALAGOAS

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