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Medidas de precaução e controle a serem adotadas na assistência a pacientes suspeitos de infecção por Ebola - NOTA TÉCNICA Nº 01/2014 - GGTES/ANVISA

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I – Introdução


As medidas de prevenção e controle de infecção devem ser implementadas nos serviços de saúde para evitar a transmissão do vírus Ebola. Considerando que a transmissão desse vírus se dá por meio do contato direto com sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos infectados ou do contato com superfícies e objetos contaminados, recomenda-se que sejam instituídas medidas dePRECAUÇÃO PADRÃO, DE CONTATO E PARA GOTÍCULAS na assistência a casos suspeitos e confirmados de infecção pelo vírus Ebola nos serviços de saúde.


É importante destacar que a adoção das medidas de precaução devem estar sempre associadas com outras medidas preventivas, tais como:


o Evitar tocar superfícies com luvas ou outro EPI contaminados ou com mãos contaminadas. As superfícies envolvem aquelas próximas ao paciente (ex. mobiliário e equipamentos para a saúde) e aquelas fora do ambiente próximo ao paciente, porém relacionadas ao cuidado com o paciente (ex. maçaneta, interruptor de luz, chave, caneta, entre outros);

o Não circular dentro do hospital usando os EPI; estes devem ser imediatamente removidos após a saída do quarto de isolamento;

o Recomenda-se restringir o número de pessoas que entram em contato com o paciente em isolamento;

o Eliminar ou restringir o uso de itens compartilhados por pacientes e também utilizados pelos profissionais de saúde como canetas, pranchetas e telefones;

o Realizar a limpeza e desinfecção das superfícies dos ambientes utilizados pelo paciente;

o Realizar a limpeza e desinfecção de equipamentos e produtos para saúde que tenham sido utilizados na atenção ao paciente;




Quem deve adotar as medidas de precaução:



Todos os profissionais de saúde que prestam assistência direta ao paciente (ex: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, equipe de radiologia, entre outros);
Toda a equipe de suporte, que necessite entrar no quarto de isolamento, incluindo pessoal de limpeza, nutrição e responsáveis pela manipulação e retirada de produtos e roupas sujas e no processamento de produtos e roupas sujas utilizadas pelo paciente.
Todos os profissionais de laboratório, durante coleta, transporte e manipulação de amostras de pacientes com infecção pelo vírus Ebola;
Visitantes que tenham contato com pacientes;


Os profissionais de saúde que executam o procedimento de verificação de óbito.


Outros profissionais que entram em contato com pacientes com infecção pelo vírus Ebola;


II – Equipamentos de Proteção Individual – EPI a serem utilizados no atendimento a pacientes com suspeita de infecção pelo vírus Ebola



Os EPIs devem ser colocados imediatamente antes da entrada no quarto de isolamento. E devem ser removidos com muito cuidado para evitar a contaminação de olhos, boca, pele e roupas dos profissionais de saúde.

O profissional deve proceder a higienização das mãos imediatamente após a remoção do EPI.



Máscara cirúrgica e Protetor Ocular ou Protetor de Face


Considerando o risco de exposição da mucosa de olhos, boca, nariz do profissional de saúde a respingo de sangue, secreções corporais e excreções durante a assistência, recomenda-se o uso de máscara cirúrgica e protetor ocular ou de face durante a assistência a pacientes com suspeita de infecção pelo vírus Ebola.



A máscara deve ser descartada imediatamente após o uso.


Os óculos de proteção e o protetor facial devem ser exclusivos de cada profissional responsável pela assistência, devendo, após o uso, sofrer processo de limpeza com água e sabão/detergente e posteriormente a desinfecção. Sugere-se para a desinfecção álcool a 70%, hipoclorito de sódio a 1% ou outro desinfetante recomendado pelo fabricante e compatível com o material do equipamento.


Luvas


As luvas de procedimento não cirúrgico devem ser utilizadas durante toda a manipulação do paciente, de qualquer produto utilizado pelo paciente (como cateteres, sondas, circuito, equipamento ventilatório, etc.) e superfícies próximas ao leito. O objetivo do uso das luvas é evitar a contaminação das mãos do profissional com sangue, fluidos corporais, secreções, excreções, mucosas, pele não íntegra e artigos ou equipamentos contaminados, de forma a reduzir a possibilidade de transmissão do vírus Ebola para o profissional, assim como, de paciente para paciente por meio das mãos do profissional.



Quando o procedimento a ser realizado no paciente exigir técnica asséptica, deve ser utilizada luvas estéreis (de procedimento cirúrgico).

As recomendações quanto ao uso de luvas por profissionais de saúde são:


Coloque-as imediatamente antes do contato com o paciente, materiais e as superfícies e retire-os logo após o uso, higienizando as mãos em seguida.
Troque as luvas sempre que entrar em contato com outro paciente;


Troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, ou quando esta estiver danificada;
Nunca toque desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones, maçanetas, portas) quando estiver com luvas para evitar a transferência do vírus para outros pacientes ou ambientes;
Não lavar ou usar novamente o mesmo par de luvas (as luvas nunca devem ser reutilizadas);
O uso de luvas não substitui a higienização das mãos;


Siga a técnica correta de remoção de luvas para evitar a contaminação das mãos:



o Retire as luvas puxando a primeira pelo lado externo do punho com os dedos da mão oposta;

o Segure a luva removida com a outra mão enluvada;

o Toque a parte interna do punho da mão enluvada com o dedo indicador oposto (sem luvas) e retire a outra luva.




Capote/avental


O capote ou avental deve ser utilizado durante toda a manipulação do paciente, de qualquer produto utilizado pelo paciente (como cateteres, sondas, circuito, equipamento ventilatório e outros) e superfícies próximas ao leito, a fim de evitar a contaminação da pele e roupa do profissional.

O capote ou avental deve ser de mangas longas, punho de malha ou elástico, abertura posterior e impermeável. Além disso, deve ser confeccionado de material de boa qualidade, não alergênico e resistente; proporcionar barreira antimicrobiana efetiva, permitir a execução de atividades com conforto e estar disponível em vários tamanhos.

O capote ou avental sujo deve ser removido após a realização do procedimento. Após a remoção do capote deve-se proceder a higienização das mãos para evitar transferência do vírus para o profissional, pacientes e ambientes.

O capote ou avental não descartável deve ser retirados e ser submetido ao seu processamento.



Nota: Publicações e materiais sobre o tema se encontram no seguinte endereço eletrônico:http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/publicacoes.htm


III – Higienização das mãos


As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas utilizando-se: água e sabonete, preparação alcoólica e anti-séptico degermante.

Os profissionais de saúde, pacientes e visitantes devem ser devidamente instruídos e monitorados quanto à importância da higienização das mãos.


Higienização das mãos com água e sabonete



A higienização das mãos com água e sabonete é essencial quando as mãos estão visivelmente sujas ou contaminadas com sangue ou outros fluidos corporais. A higienização das mãos com água e sabonete deve ser realizada:
Antes e após o contato direto com pacientes, seus pertences e ambiente próximo, bem como na entrada e na saída de áreas com pacientes infectados;
Imediatamente após retirar as luvas;
Imediatamente após contato com sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções e/ou objetos contaminados, independentemente se o mesmo tiver ocorrido com ou sem o uso de luvas (neste último caso, quando se tratar de um contato inadvertido).
Entre procedimentos em um mesmo paciente, para prevenir a transmissão cruzada entre diferentes sítios corporais;
Em qualquer outra situação onde seja indicada a higienização das mãos para evitar a transmissão da influenza para outros pacientes ou ambientes.


Higienização das mãos com preparação alcoólica



Deve-se higienizar as mãos com preparação alcoólica (sob as formas gel ou solução) quando estas não estiverem visivelmente sujas.

A higienização das mãos com preparação alcoólica (sob a forma gel ou líquida com 1-3% glicerina) deve ser realizada nas situações descritas a seguir:


Antes de contato com o paciente;

Após contato com o paciente;

Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos;

Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico;
Após risco de exposição a fluidos corporais;

Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao paciente;
Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente;
Antes e após remoção de luvas.


Nota: Publicações e materiais sobre o tema se encontram no seguinte endereço eletrônico: ANVISA
IV – Isolamento em quarto privativo

A assistência a pacientes com suspeita de infecção pelo vírus Ebola deve ser realizada em um quarto privativo contendo banheiro e com porta fechada.

O quarto de isolamento deve ter a entrada sinalizada com alerta referindo isolamento, a fim de evitar a passagem de pacientes e visitantes de outras áreas ou de profissionais que estejam trabalhando em outros locais do hospital. O acesso deve ser restrito aos profissionais envolvidos na assistência;

Também deve estar sinalizado quanto às medidas de precaução a serem adotadas
(padrão, de contato e gotículas);

O reservatório de materiais perfuro-cortantes utilizados na assistência ao paciente deve ser exclusivo para o quarto de isolamento para evitar o transporte desse material fora do quarto.

Imediatamente antes da entrada do quarto de isolamento devem ser disponibilizadas:

o Condições para higienização das mãos: dispensador de preparação alcoólica (gel ou solução a 70%), lavatório/pia com dispensador de sabonete líquido, suporte para papel toalha, papel toalha, lixeira com tampa e abertura sem contato manual;

o Equipamentos de proteção individual (EPI);

o Mobiliário para guarda de EPI.


Os profissionais envolvidos na atenção a pacientes com infecção por Ebola devem ser orientados a seguirem as medidas de precaução.

Sempre que possível, equipamentos, produtos para saúde ou artigos utilizados no cuidado do pacientes com infecção por Ebola devem ser de uso exclusivo do mesmo, como no caso de estetoscópios, esfignomanômetros e termômetros. Após o uso todos os produtos utilizados nos pacientes devem ser limpos e desinfetados ou esterilizados antes de serem utilizados em outros pacientes.


V – Orientações durante procedimentos geradores de aerossóis


Todos os procedimentos que promovam a geração de aerossóis, como por exemplo, a intubação traqueal, a aspiração nasofaríngea e nasotraqueal, broncoscopia, a autópsia envolvendo tecido pulmonar, entre outros, devem ser realizados nos pacientes com infecção pelo vírus Ebola apenas quando realmente necessários.

Esses procedimentos devem ser realizados no quarto de isolamento com porta fechada e com equipe de saúde paramentada e reduzida.

O profissional que atuar em procedimentos com risco de geração de aerossol nos pacientes com infecção pelo vírus Ebola deve utilizar máscara de proteção respiratória (respirador particulado) com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3m (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3).

A máscara de proteção respiratória deve estar apropriadamente ajustada à face. A forma de uso, manipulação e armazenamento deve seguir as recomendações do fabricante. Recomenda-se o manuseio cuidadoso dessa máscara a fim de não contaminar a sua face interna e externa.

A MASCARA UTILIZADA DEVE SER IMEDIATAMENTE DESCARTADA APÓS O USO em procedimentos com risco de geração de aerossol.


VI - Processamento de produtos para saúde


Não há uma orientação especial quanto ao processamento de equipamentos, produtos para saúde ou artigos utilizados na assistência a pacientes com infecção por Ebola, sendo que o mesmo deve ser realizado de acordo com as características e finalidade de uso e orientação dos fabricantes e dos métodos escolhidos.

Equipamentos e produtos para saúde utilizados em qualquer paciente devem ser recolhidos e transportados de forma a prevenir a possibilidade de contaminação de pele, mucosas e roupas ou a transferência de microrganismos para outros pacientes ou ambientes. Por isso é importante frisar a necessidade da adoção das medidas de precaução na manipulação dos mesmos.

O serviço de saúde deve estabelecer fluxos, rotinas de retirada e de todas as etapas do processamento dos equipamentos, produtos para saúde ou artigos utilizados na assistência.

Nota: RESOLUÇÃO - RDC Nº 15, DE 15 DE MARÇO DE 2012, que dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde.



VII - Limpeza e desinfecção de superfícies


A orientação sobre a limpeza e desinfecção de superfícies em contato com pacientes com infecção por Ebola é a mesma utilizada para outros tipos de doença transmitidas por vírus.

No caso da superfície apresentar matéria orgânica visível deve-se inicialmente proceder à retirada do excesso com papel/tecido absorvente e posteriormente realizar a limpeza e desinfecção desta. Ressalta-se a necessidade da adoção das medidas de precaução pelos responsáveis pela limpeza

Nota: Publicações e materiais sobre o tema se encontram no seguinte endereço eletrônico:http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/4ec6a200474592fa9b32df3fbc4c6735/Manu




VIII - Processamento de roupas



Não é preciso adotar um ciclo de lavagem especial para as roupas provenientes desses pacientes, podendo ser seguido o mesmo processo estabelecido para as roupas provenientes de outros pacientes em geral. Ressaltam-se as seguintes orientações:
Na retirada da roupa suja deve haver o mínimo de agitação e manuseio, observando-se as medidas de precauções descritas anteriormente (óculos, luvas, máscara e avental)
Roupas provenientes do isolamento não devem ser transportadas através de tubos de queda.
Devido ao risco de promover partículas em suspensão e contaminação do trabalhador não é recomendada a manipulação, separação ou classificação de roupas sujas provenientes do isolamento. As mesmas devem ser colocadas diretamente na lavadora.


Outras orientações estão contidas no Manual de Processamento de Roupas de Serviços de Saúde publicado pela ANVISA:




IX - Tratamento de resíduos


O vírus Ebola é um agente biológico classificado como Classe de Risco 4.

De acordo com a Resolução RDC/Anvisa nº 306, de 07 de dezembro de 2004, os resíduos provenientes da atenção a pacientes suspeitos de infecção pelo vírus Ebola devem ser enquadrados na categoria A1, ou seja são resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4 (Apêndice II da RDC 306/2004), microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.

De acordo com essa norma esses resíduos devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final.

Devem ser acondicionados em saco vermelho, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos 1 vez a cada 24 horas e identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

O saco deve ser constituído de material resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR 9191/2000 da ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento. Além disso, deve estar contido em recipientes de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao tombamento.

O tratamento desses resíduos deve ser feito utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana (Apêndice V da RDC nº 306/2004).

Após o tratamento, devem ser acondicionados da seguinte forma:

- Se não houver descaracterização física das estruturas, devem ser acondicionados em saco branco leitoso, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos 1 vez a cada 24 horas e identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

- Havendo descaracterização física das estruturas, podem ser acondicionados como resíduos do Grupo D.

Ressalta-se que conforme a RDC/Anvisa nº 306/04 essas orientações devem estar contidas no Plano de Gerenciamento de Resíduos do serviço de saúde.





X - Medidas a serem implementadas no transporte de pacientes


Os profissionais envolvidos no transporte dos pacientes suspeitos ou confirmados de contaminação pelo vírus Ebola devem adotar as medidas de precaução padrão, contato e para gotículas.

· As superfícies internas do veículo de transporte devem ser limpas e desinfetadas após a realização do transporte. A desinfecção pode ser feita com álcool a 70%, hipoclorito de sódio

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